segunda-feira, 22 de junho de 2009

A partir de hoje sou jornalista!*

Oba! Achei uma profição! Até ontem, eu fazia uns bico aqui, outros ali, mas não tinha uma profição, sabe como é? Pois agora sou jornalista. Na verdade, eu sempre quis ser jornalista, só não tinha tempo, grana, nem paciênsia para fazer uma facudade. Que saco! Modéstia à parte, acho que escrevo direitinho, faço até umas rima de vez em quando. E agora, graças a Deus, ou melhor, graças ao supremo tribunal federal, qualquer um pode ser jornalista, sem esta frescura burocrática de diploma. Diploma pra quê? Qualquer pessoa pode escrever para um jornal, juntar meia dúzia de ideia e fazer uma matéria. Até meu sobrinho de sete ano faz isso. Desdi quando é precizo estudar um montaréu de ano, frequentar horas e horas de sala de aula, ler uma tonelada de livro e texto, pesquizar, discutir, refletir a profição e o papel do jornalista?! Que papagaiada! Balela da braba. Para que complicar tudo com essas babozeira de “jornalismo responsáveu”, sigilo de fonte, ética proficional e, a pior de todas, checar informação. Quem preciza disso? Se alguém falou é por que é verdade - é ou não é? - não diz o velho ditado que “a voz do povo é a voz de Deus”? Pois é, para que perder tempo conferindo informação?! E se não for mesmo verdade, também não tem tanta importânsia assim, afinal o que sai no jornal de hoje amanhã já é esquecido e aquele amontoado de letra só serve mesmo para queimar na lareira ou para limpar o... Você sabe.
Confesso que quando a obrigatoriedade do diploma foi pra ser votado no supremo fiquei meio cabrero... Cheguei a duvidar se os ministro iam mesmo acabar com essa palhaçada de diploma – afinal os cara podiam querer complicar a nossa vida. Sabe como é, tinha um discurso rolando por aí sobre qualidade da informação. Ha ha. Os ministro não deram a mínima pra isso. Fassilitaram tudo. Viva eles!!
A partir de agora, já que não vão poder exigir o canudo, vou entrar em tudo que é concurço público pra jornalista. Daqui a pouco, do geito que as coisa tão andando, garanto que nem redação vai ter nas prova, aí é só marcar cruzinha, faço um “uni-duni-tê”... Quem sabe numa dessas me dou bem? Agora, fala sério, quem vai se dar bem “mesmo” com os concurço público vai ser o governo, que vai faturar uma banana com milhares de inscrito tentando uma boquinha.
Póço não sê muito culto, mas trouxa eu não sou e sei muito bem que quem vai sair ganhando nessa istória toda são os jornal, pelo menos aqueles que não insistirem nessa balela de qualidade - afinal vão poder pagar muito menos pros jornalista... Tô sabendo que o salário não é lá essas coisa - o piso de jornalista no interior do Rio Grande do Çul hoje é de R$ 1.158,48 enquanto que o de cobrador de ônibus, em Pelotas é de R$ 1.600,00 – e vai cair ainda muito mais. Afinal a oferta de mão-de-obra vai se quadriplicar e só vai conseguir emprego quem aceitar menos. Por mim tudo bem. Ué, o Lula estudou só até a quarta série e não chegou a presidente? Também confio no meu taco. Comesso como repórter e garanto que daqui a pouco já sou promovido a editor.
A partir de agora, quando me perguntarem minha profição, posso encher o peito e dizer: sou jornalista, por que? E ninguém vai poder diser que eu não sou. O melhor de tudo é que com essa decizão do supremo daqui uns anos mais vai tá todo mundo no mesmo nível do presidente e ninguém mais vai se achar no direito de criticar os comentário do meu companheiro.
Desculpa aí qualquer errinho nas minhas linha - tô praticando para a minha primeira matéria.

Joice Lima – jornalista diplomada MTB 025029
*Este texto é contraindicado a quem não sabe distinguir ironia de seriedade.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Assassinaram nosso diploma

Estamos em choque.

De que outra maneira poderíamos reagir à decisão, de oito votos contra um, do Supremo Tribunal Federal, de derrubar a obrigatoriedade do Diploma de Jornalismo no exercício da profissão no nosso País? Confessamos, os abaixo assinados, que não tínhamos dado a devida importância à discussão da pauta. Por que, você pode se perguntar, já que se trata de um assunto de tamanha seriedade? Simples. Porque para nós parecia tão, mas tão absurdo considerar tal retrocesso – embora a história nos mostre que o bicho-homem anda em círculos e, volta e meia, teima também em andar pra trás – que ficava difícil levar o tema a sério, mais parecia uma grande piada... De mau gosto, obviamente. Não imaginávamos, nem em nossos piores pesadelos, que isso pudesse realmente acontecer. Mas aconteceu.

A decisão do STF equivale a dizer que um Diploma de Jornalismo não tem nenhum valor. Que qualquer pessoa que “goste” de escrever e “ache” que escreve bem poderá autointitular-se jornalista e ocupar cargos que eram exclusivos a profissionais que antes de assumir tal responsabilidade – e aqui nos referimos ao Jornalismo Responsável, uma das lições básicas da faculdade - precisavam passar por uma série de disciplinas obrigatórias, exigidas nos cursos de Jornalismo, tais como Teoria da Comunicação, Redação (I, II e III), Legislação Ética, Sociologia, Ciência Política, Comunicação Comunitária, Semiótica, entre tantas outras. Então, os senhores ministros acreditam que a formação acadêmica é importante, porém descartável?!

Somos conscientes de que os currículos universitários são falhos, que precisam ser revistos e atualizados... Somos conscientes de que há profissionais com graduação superior em Jornalismo que são péssimos jornalistas e envergonham a categoria. Mas estes ainda são uma minoria. A exigência do Diploma é justamente uma maneira de limitar o acesso deste tipo de profissional. Se o Diploma não for obrigatório, onde vai parar a qualidade do Jornalismo? Vamos passar a nivelar por baixo?

Um dos argumentos do ministro Gilmar Mendes refere-se à liberdade de expressão. Ora, se ele não sabe a diferença entre liberdade de expressão e Jornalismo, não deveria estar ocupando uma cadeira de tamanha importância. O excelentíssimo ministro se acha no direito de comparar a profissão de jornalista à de cozinheiro? Sem comentários. É desesperador constatar que o reconhecimento de nossa profissão esteve nas mãos de um grupo de senhores ignorantes, aptos por lei a julgar méritos que, obviamente, desconhecem.

Frustração. Raiva. Tristeza. Estamos de luto. Assassinaram o nosso diploma. Queremos que a Justiça seja feita. Mas por quem, quando foi a própria Justiça que o matou?!

Jornalistas profissionais diplomados

Alessandra Meirelles – MTB 10052

Joan Vieira da Cruz – MTB 8902

Joice Lima – MTB 025029

Laura Alam – MTB 1928

Luiz Baquini – MTB 6161

Estudantes de Jornalismo

César Soares – UCPel

Gabriela Gidi dos Santos – UCPel

Hélen Albernaz – UCPel

Rafael Marins Amaral – UCPel

Sandra Lima - UCPel